Muito se fala sobre o breve pontificado de João Paulo I, que durou apenas 33 dias. No entanto, ele não detém o recorde de papado mais curto da história. Esse título pertence a Urbano VII, que assumiu o trono em 15 de setembro de 1590 e faleceu apenas doze dias depois, em 27 do mesmo mês.
Se um pontificado será longo ou não, é impossível prever. A expectativa é sempre de que o eleito tenha tempo para cumprir ao menos parte de sua missão como bispo de Roma.
Mas agora, imagine a seguinte situação:
Durante o conclave, o cardeal eleito papa aceita sua eleição, mas sofre um infarto e morre antes de ser apresentado ao público. E então? Como ficaria a situação? Ele seria considerado papa? A Igreja entraria novamente em período de Sé Vacante?
Esse cenário jamais ocorreu na história da Igreja, e é bastante improvável. No entanto, se acontecesse, sim: ele seria considerado papa, ainda que por pouquíssimo tempo — talvez minutos. A partir do momento em que aceita a eleição, mesmo sem ter sido apresentado ao mundo, ele se torna legítimo sucessor de São Pedro.
Por outro lado, se a morte ocorresse antes da aceitação, ele não seria considerado papa e não entraria na lista oficial dos pontífices.
De qualquer forma, o período de Sé Vacante começaria novamente, e os ritos para um novo conclave seriam iniciados, inclusive com o funeral do papa falecido. Assim como acontece quando um papa em exercício morre, os cardeais teriam que aguardar todo o processo litúrgico do enterro antes de retomar a eleição. Isso certamente atrasaria a escolha de um novo pontífice, mas o protocolo da Igreja seria seguido à risca.
Como o Vaticano comunicaria a notícia ao mundo?
Uma situação como essa exigiria cautela e delicadeza extremas. A notícia provavelmente seria tratada com solenidade, de forma semelhante à morte de um papa empossado.
Primeiro, os cardeais seriam informados internamente, e o Camerlengo assumiria temporariamente o comando da Santa Sé. Em seguida, o Vaticano emitiria um comunicado oficial, com palavras que poderiam soar assim:
“Com profunda dor, informamos que Sua Santidade [nome escolhido pelo papa eleito] faleceu repentinamente logo após aceitar sua eleição como Sumo Pontífice da Igreja Católica. Embora não tenha tido a oportunidade de ser apresentado ao mundo, ele foi, por um breve momento, o legítimo sucessor de São Pedro.”
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Fumaça branca… e depois?
Como a fumaça branca já teria sido liberada, anunciando ao mundo a eleição de um novo papa, surgiria uma dúvida: como comunicar a morte imediata?
O mais provável é que o Vaticano fizesse um anúncio urgente por meio da rádio, televisão e redes sociais, com ampla cobertura internacional. O funeral seria realizado conforme os costumes reservados a qualquer outro papa, e um novo conclave seria convocado.
Trata-se de um caso inédito na história moderna, e muitos detalhes teriam que ser decididos no momento. Mas é certo que o impacto seria profundo, e a comoção, global.