O 267º papa será, em breve, conhecido. Os cardeais se reuniram na Capela Sistina no dia 7 de maio. Ao todo, são 135 cardeais eleitores, e está a cargo deles a escolha do novo pontífice.

A expectativa é de que, em dois ou no máximo três dias, o mundo já tenha um novo papa. Dessa forma, a missa de domingo no Vaticano já estaria sob a direção do novo papa.

A eleição de um chefe de Estado do Vaticano gera discussões sobre os nomes considerados fortes candidatos. Há até mesmo um termo italiano para definir esses cardeais: “Papabile” (“papável”, em tradução literal).

Apesar das especulações, existe um ditado popular cauteloso que afirma: “Quem entra no conclave como papa, sai como cardeal”. Ou seja, ser considerado um forte candidato não garante nada.

Mas quem são os nomes mais fortes, ou pelo menos conhecidos, para assumir o trono de Pedro?

Pietro Parolin 

Pietro Parolin ocupa atualmente a Secretaria de Estado do Vaticano no pontificado de Francisco, cargo comparável ao de chanceler, sendo o chefe da diplomacia da Santa Sé. Ao longo dos últimos 12 anos, ele percorreu diversos países, abrangendo as Américas, Ásia, África e Oceania.

Sua carreira pastoral foi breve, e logo após sua formação, ele se dedicou ao Vaticano. Em 2013, o papa Francisco o nomeou para o cargo de secretário de Estado. Parolin tem uma vasta experiência internacional, tendo atuado em vários países e liderado as relações da Santa Sé com nações como China, Israel, Coreia do Norte e Vietnã, todas com histórias de tensões com o Vaticano.

A nomeação de Pietro atenderia ao desejo de um papa italiano, após 47 anos sem um representante do país nesse cargo, e marcaria o retorno de uma Igreja europeia após o pontificado de um papa latino. Embora compartilhe alguns dos ideais de Francisco, Parolin adota uma postura mais moderada, conquistando o apoio do voto conservador.

Leia também: E se o papa eleito morrer antes de ser apresentado?

Matteo Zuppi

O cardeal italiano Matteo Zuppi, de 69 anos, é um diplomata discreto com uma postura progressista em questões sociais. O papa Francisco lhe confiou uma missão de paz entre Ucrânia e Rússia.

Carismático e sorridente, Zuppi é arcebispo de Bolonha e, desde 2022, preside a Conferência Episcopal Italiana, contando com o apoio de grande parte dos cardeais italianos.

Seu nome é frequentemente citado como um possível sucessor de Francisco, com quem representaria uma continuidade, especialmente na defesa dos mais vulneráveis. No entanto, seu estilo é mais moderado do que o do pontífice argentino, mais enérgico e assertivo.

Pierbattista Pizzaballa

Como patriarca latino de Jerusalém, o cardeal italiano Pierbattista Pizzaballa tem utilizado suas habilidades diplomáticas para navegar com destreza no complexo e delicado conflito entre Israel e Hamas desde outubro de 2023.

Poliglota e reconhecido por sua determinação e espírito de sacrifício, Pizzaballa é o chefe da Igreja Católica na região. Sua jurisdição abrange os fiéis de rito latino em Israel, nos Territórios Palestinos, na Jordânia e no Chipre.

O franciscano de 60 anos chegou a Jerusalém em 1990 e, desde então, tem trabalhado incansavelmente para manter boas relações com as autoridades israelenses e palestinas, mesmo diante de um contexto cada vez mais desafiador.

Luis Antonio Tagle

O cardeal filipino Luis Antonio Tagle figura entre os possíveis sucessores do papa Francisco, com quem mantinha uma relação próxima e compartilhava a visão de uma Igreja missionária voltada especialmente à defesa dos marginalizados.

Aos 67 anos, Tagle aparenta ser mais jovem, um efeito potencialmente causado pelos óculos e pelo sorriso sempre disposto. Conhecido como “Chito” entre os mais de 90 milhões de fiéis devotos em sua terra natal, este sacerdote conquistou a simpatia do povo filipino.

Ordenado sacerdote em 1982, ele se tornou arcebispo de Manila em 2011, assumindo uma posição de grande influência política em uma das maiores dioceses da Ásia, onde o catolicismo continua a crescer. Em 2012, foi nomeado cardeal pelo papa Bento XVI.

 Peter Erdo

Aos 72 anos, Péter Erdő é um dos cardeais mais experientes em atividade no Vaticano, além de ser o atual arcebispo de Budapeste, na Hungria. Com uma sólida formação intelectual, que inclui doutorados em teologia e direito canônico, é amplamente reconhecido como o “Doutor de Budapeste”.

Erdő desfruta de grande prestígio dentro da Igreja Católica, tendo exercido o papel de relator no Sínodo dos Bispos da Família, em 2014, e presidido a Assembleia Geral dos Bispos no mesmo ano. Sua habilidade de articulação interna e sua diplomacia são vistas como atributos importantes em sua possível candidatura.

Embora seja considerado conservador, Erdő é também conhecido por seu perfil moderado. Já manifestou de forma discreta questionamentos sobre algumas decisões do papa Francisco, mas sempre sem demonstrar oposição direta ou desrespeito.

Jean-Marc Aveline

Jean-Marc Aveline é amplamente reconhecido por sua sensibilidade nas questões migratórias e pelo diálogo interreligioso. Sua atuação em Marselha, reforça esse perfil de compromisso com a inclusão e a construção de pontes entre culturas.

O cardeal também se destaca por seu estreito relacionamento com a comunidade argelina e sua abordagem de mediação entre diferentes crenças religiosas, seguindo os passos do Papa Francisco.

Apesar de ser visto como um forte candidato, Aveline enfrenta desafios. Sua ordenação como cardeal é recente, ocorrendo em 2022, o que o coloca em uma posição de desvantagem em relação a cardeais mais experientes no Colégio Cardinalício.

Além disso, sua projeção internacional ainda é limitada, sendo mais conhecido por sua atuação local na França, incluindo encontros com o presidente Emmanuel Macron.

Mario Grech

Aos 68 anos, desponta como um dos principais nomes cotados para suceder o Papa Francisco. Ex-bispo da ilha de Gozo o cardeal ganhou notoriedade pela rápida ascensão dentro da hierarquia eclesiástica, até alcançar a liderança do secretariado do Vaticano, órgão responsável pela coordenação dos sínodos.

Natural da pacata Qala, em Malta, Grech percorreu sua formação inicial no Victoria Lyceum, em Gozo, antes de ingressar no seminário diocesano, onde estudou filosofia e teologia. Ordenado sacerdote em 26 de maio de 1984, prosseguiu seus estudos superiores em Roma, onde conquistou a licenciatura em Direito Civil e Canônico pela Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino.

Sua trajetória discreta, porém consistente, aliada a uma visão pastoral em sintonia com os valores promovidos por Francisco, o coloca como uma figura de continuidade possível para o futuro da Igreja. Deseja que eu reescreva em um estilo mais jornalístico ou poético?

José Tolentino de Mendonça

José Tolentino de Mendonça é chamado nos corredores do Vaticano de “o cardeal poeta”. Apelido consagrado por ninguém menos que o Papa Francisco, que ao lhe entregar o barrete vermelho em 6 de outubro de 2019, declarou: “Tu és poesia”. Na época, Tolentino ocupava o posto de arquivista e bibliotecário, função que exerceu entre 2018 e 2022. Após isso foi nomeado prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação.

Aos 58 anos, o cardeal português é hoje amplamente reconhecido como uma das vozes mais refinadas e eruditas da Cúria Romana. Não apenas poeta — tendo representado Portugal no Dia Mundial da Poesia em 2014 — Tolentino é também um intelectual respeitado e ocupa lugar de destaque entre os membros mais jovens do Colégio Cardinalício, figurando como o sétimo mais novo entre os eleitores. Sua sensibilidade artística e sua visão cultural fazem dele um nome singular na Igreja contemporânea.

Peter Turkson

O cardeal Peter Turkson traz em sua trajetória uma vivência profunda da diversidade religiosa e cultural. Nascido em uma numerosa família de dez filhos em Gana, é filho de pai católico e mãe convertida a igreja metodista, além de ter um tio muçulmano — experiências que moldaram sua compreensão sobre a importância da convivência entre diferentes crenças.

Aos quatorze anos, iniciou sua formação religiosa em um seminário menor em seu país natal. Entre 1969 e 1971, frequentou um seminário regional, prosseguindo seus estudos teológicos em um seminário franciscano no estado de Nova York de 1971 a 1974. Foi ordenado sacerdote em Gana no ano seguinte, 1975. Depois de um período como professor em seminário menor, seguiu para Roma, onde, após quatro anos, concluiu a licenciatura no prestigiado Pontifício Instituto Bíblico (Biblicum), em 1980.

Nos anos seguintes, Turkson lecionou em seminário e colaborou com uma paróquia local. Em 1987, foi novamente enviado a Roma para doutorar-se, mas seus planos acadêmicos foram interrompidos por um chamado maior: em 1992, a pedido do então Papa João Paulo II, foi nomeado bispo, encerrando assim sua jornada doutoral. Desde então, seu nome tem sido lembrado entre os grandes líderes e pensadores da Igreja Católica contemporânea.

Malcolm Ranjith

Malcolm Ranjith nasceu em Polgahawela, a cerca de 80 quilômetros de Colombo, capital do Sri Lanka. Primogênito de quatro irmãos, cresceu em uma família profundamente religiosa. Seu pai era chefe de estação ferroviária e, devido à natureza do trabalho, passava longos períodos fora de casa. Por isso, Ranjith considera sua mãe como a principal influência em sua formação. Criado em uma aldeia católica fervorosa, teve contato precoce com o ativismo político, participando de protestos aos doze anos contra a nacionalização das escolas católicas promovida pelo governo socialista.

Foi educado pelos Irmãos Lassalistas e, aos dezoito anos, ingressou no Seminário Santo Luís, em Borella, motivado pelo exemplo de um missionário francês. Pouco tempo depois, transferiu-se para o seminário nacional de Kandy, onde estudou filosofia e teologia. Reconhecendo seu potencial, o arcebispo Thomas Cooray o enviou a Roma, onde concluiu o bacharelado em teologia pela Pontifícia Universidade Urbaniana. Em 1975, foi ordenado sacerdote pelo Papa Paulo VI, na Praça de São Pedro.

Entre 1975 e 1978, Ranjith realizou pós-graduação no Pontifício Instituto Bíblico, também em Roma, obtendo licenciatura em Sagrada Escritura. Durante esse período, teve como professores figuras notáveis como Carlo Maria Martini e Albert Vanhoye, e também frequentou a Universidade Hebraica de Jerusalém.

De volta ao Sri Lanka, envolveu-se intensamente com o trabalho pastoral em Pamunugama, dedicando-se ao auxílio de comunidades pesqueiras empobrecidas, sem acesso a serviços básicos como água encanada, eletricidade ou moradias dignas. Ele afirma que essa vivência marcou profundamente seu ministério, enraizando sua atuação sacerdotal no realismo das necessidades do povo.

Fridolin Ambongo Besungu

O cardeal Fridolin Ambongo Besungu, OFM Cap., atual arcebispo de Kinshasa, é reconhecido por sua atuação firme em defesa da justiça social. Destemido, ele se posiciona politicamente em nome dos pobres e marginalizados, embora suas posturas em relação à missão e a outras questões relevantes às vezes revelem certa ambiguidade.
Nascido em 24 de janeiro de 1960, na localidade de Boto, na província rural de Nord-Ubangi, na República Democrática do Congo, Fridolin cresceu em uma numerosa família católica com onze irmãos. Seu pai trabalhava como seringueiro.

Iniciou sua formação filosófica no seminário de Bwamanda e cursou teologia no Instituto Saint-Eugène-de-Mazenod, ainda no Congo. Ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em 1981, emitindo os votos perpétuos em 1987. Foi ordenado sacerdote em 14 de agosto de 1988 e, pouco depois, passou a lecionar nas Faculdades Católicas de Kinshasa, hoje conhecidas como Universidade Católica do Congo.

Mais tarde, Fridolin seguiu para Roma, onde aprofundou seus estudos em teologia moral na Academia Alfonsiana. Em 1995, defendeu sua dissertação de doutorado com o tema: “A reabilitação do ser humano como base para o verdadeiro desenvolvimento no Zaire. Para uma ética do desenvolvimento integral”. Esse trabalho reforça seu compromisso com uma visão ética que promova a dignidade humana como fundamento do progresso social.

Siga-nos nas redes sociais: InstagramFacebook

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *