Mais do que uma ferramenta de comunicação, a língua é a porta de entrada para a cultura, a história e a identidade de um povo. Em Curitiba, essa conexão tem ganhado ainda mais força com a recente iniciativa de incluir o ensino da língua ucraniana na rede municipal de ensino, valorizando uma das maiores comunidades ucranianas do mundo fora da Europa.
A capital paranaense abriga cerca de 70 mil descendentes de ucranianos, que mantêm vivas tradições religiosas, culturais e linguísticas. Igrejas de rito ucraniano, grupos folclóricos e associações comunitárias fazem parte do cotidiano da cidade, reforçando os laços entre gerações e a preservação da identidade cultural.
Um idioma que parece difícil — mas não é impossível
À primeira vista, o ucraniano pode parecer complexo para brasileiros. A principal diferença está no alfabeto cirílico, utilizado também por línguas como o russo e o búlgaro. No entanto, especialistas afirmam que a escrita segue uma lógica fonética bastante regular, ou seja, as pessoas pronunciam as palavras exatamente como as escrevem.
Outro ponto que chama a atenção é a sonoridade do idioma. O ucraniano é considerado por muitos linguistas como uma das línguas eslavas mais melódicas, com sons mais suaves em comparação ao russo, por exemplo.
Ucraniano, russo e polonês: semelhantes, mas diferentes
Embora pertençam à família das línguas eslavas, o ucraniano, o russo e o polonês possuem diferenças importantes.
O ucraniano e o russo compartilham o uso do alfabeto cirílico, mas apresentam variações na pronúncia e no vocabulário. Enquanto o russo tem uma entonação mais dura e consoantes mais fechadas, o ucraniano costuma ter sons mais abertos e uma musicalidade mais evidente.
Já o polonês segue outro caminho: ele pertence ao grupo das línguas eslavas ocidentais e utiliza o alfabeto latino, o mesmo do português, porém com diversos sinais diacríticos (acentos e marcas gráficas). Apesar disso, a pronúncia do polonês é considerada mais desafiadora, devido à quantidade de consoantes seguidas e sons nasais.
Em resumo, o ucraniano acaba sendo visto como um ponto intermediário: tem a escrita diferente do português, mas uma sonoridade mais leve que o russo e menos travada que o polonês.
Ensino do ucraniano nas escolas de Curitiba
O fortalecimento do idioma também passa pela educação. A Prefeitura de Curitiba formalizou um acordo com a Embaixada da Ucrânia para ampliar o ensino do ucraniano na rede municipal. Um projeto-piloto já está em andamento na Escola Municipal Papa João XXIII, no bairro Portão.
As aulas são oferecidas no formato de atividades complementares, uma vez por semana, e despertaram grande interesse entre os estudantes. Segundo a Secretaria Municipal da Educação, cerca de 400 alunos já demonstraram interesse em participar.
Além das aulas, a parceria também resultou na doação de livros por parte da Embaixada da Ucrânia, que serão destinados às bibliotecas da rede municipal.
Mais que um idioma, uma ponte cultural
Para especialistas, o ensino do ucraniano em Curitiba vai além do aprendizado de uma nova língua. Trata-se de uma ferramenta de fortalecimento cultural, combate à perda de identidade entre gerações e valorização da diversidade que marca a história da capital paranaense.
Ao abrir espaço para um idioma considerado incomum no Brasil, Curitiba reafirma seu papel como uma cidade plural, onde diferentes culturas convivem e enriquecem o ensino e a formação de novas gerações.
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