A história por trás da ordem das operações na matemática

Você provavelmente aprendeu desde cedo que, ao resolver uma conta matemática, é preciso seguir uma ordem: primeiro os parênteses, depois as potências, em seguida multiplicações e divisões, e por fim adições e subtrações. Essa sequência parece tão natural hoje que muitos nem se perguntam: quem decidiu isso? E quando?

A resposta surpreende. A padronização da chamada “ordem das operações” é relativamente recente na longa história da matemática. Embora povos como babilônios, egípcios e romanos já realizassem cálculos há milênios, eles o faziam com métodos próprios, muitas vezes escritos em palavras ou com símbolos rudimentares. Na prática, a prioridade das operações era compreendida mais pelo contexto do que por regras fixas.

Foi apenas entre os séculos XVI e XIX, já no período moderno, que os símbolos matemáticos começaram a ser amplamente utilizados. O sinal de igual (=), por exemplo, surgiu em 1557 com o matemático galês Robert Recorde. Os sinais de mais (+) e menos (−) já existiam antes, mas foi durante o Renascimento que ganharam espaço nos tratados europeus. Ainda assim, faltava uniformidade: cada autor podia escrever expressões de formas diferentes, sem consenso sobre qual operação deveria ser feita antes da outra.

Essa falta de clareza causava problemas práticos, especialmente com o avanço do ensino formal nas escolas e a popularização dos livros didáticos. Foi no século XIX que a matemática começou a ser ensinada em larga escala com uma linguagem simbólica padronizada. A necessidade de uma regra clara e universal tornou-se urgente. Assim, a ordem de operações foi estabelecida da forma como conhecemos hoje: primeiro os parênteses, depois os expoentes, seguidos por multiplicações e divisões (da esquerda para a direita), e por fim somas e subtrações (também da esquerda para a direita).

Essa organização evitou confusões em expressões ambíguas e permitiu que estudantes e profissionais de diferentes partes do mundo chegassem ao mesmo resultado, independentemente da língua ou cultura. Curiosamente, até hoje certas expressões causam debates acalorados na internet, justamente quando a notação não está clara — como no famoso exemplo “6 ÷ 2(1 + 2)”, que gera discussões sobre se o resultado seria 1 ou 9.

Ao que tudo indica, a ordem das operações é um daqueles detalhes invisíveis que sustentam a lógica do mundo moderno, fruto de séculos de tentativas, erros e, por fim, consenso. Uma regra que, mesmo com apenas dois séculos de vida, transformou-se em um alicerce do ensino e da comunicação matemática no planeta.

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