O Caso Isabella Nardoni: Uma Tragédia que Abalou o Brasil
Um olhar detalhado sobre o crime que chocou o país e as reviravoltas no julgamento do casal Nardoni
Era dia 29 de março de 2008. Parecia ser uma visita de rotina de uma garotinha à casa do pai e da madrasta. Nada de anormal, já que a prática era comum, e até o momento, a menina nunca havia se queixado de maus-tratos. Portanto, não havia motivos para a visita não acontecer, e a pequena tinha ainda dois irmãozinhos por parte de pai, observando de fora uma família sem qualquer suspeita. No entanto, naquele dia, o Brasil testemunhou um dos crimes mais chocantes de sua história recente. Isabella de Oliveira Nardoni, de apenas cinco anos, foi jogada do 6º andar do apartamento do pai, Alexandre Nardoni, em São Paulo. Esse ato brutal desencadeou uma investigação que parou o país e deixou uma nação inteira em busca de respostas.
Não havia redes de proteção nas janelas?
Essa seria uma pergunta inicial, mas, a resposta é: havia sim, e mais havia um corte na tela: com 47,5 cm de comprimento, o corte encontrado na rede de proteção surpreendeu a todos. Quando aberto, formava um círculo com 38 cm de diâmetro, tornando-o ainda mais intrigante. Além disso, nas bordas desse corte, descobriu-se vestígios de sangue da criança. Os peritos encarregados da análise realizaram um minucioso trabalho, utilizando uma lente especial acoplada a uma máquina fotográfica. Essas imagens detalhadas foram, então, processadas por um app.
O Teste das Extremidades dos Fios: peritos concentraram-se nas extremidades dos fios da rede cortada pelo assassino da menina. Eles compararam essas extremidades com as extremidades de fios cortados usando dois instrumentos apreendidos na pia da cozinha do apartamento: uma faca com lâmina de 21 cm e uma tesoura de 22 cm.
Surpreendentemente, os peritos notaram que as formas das extremidades dos fios cortados pela faca, pela tesoura e pelo objeto usado pelo autor do crime eram notavelmente semelhantes. Esse teste de corte levou à conclusão de que o assassino usou a força das mãos e um instrumento cortante para fazer o buraco na rede. No entanto, o ponto crucial veio de outra análise. Os peritos não encontraram vestígios da rede de proteção da janela na faca. Mas na tesoura, houve uma descoberta surpreendente: eles encontraram um fragmento de fio da rede. Esse fragmento estava preso na parte central da tesoura, logo abaixo do mecanismo de articulação. A conclusão foi incontestável: a tesoura esteve em contato com a rede de proteção da janela. Em outras palavras, a tesoura foi um dos instrumentos usados pelo assassino.
Isabella Nardoni: Novas evidências
Primeiramente, o choque pela morte da pequena Isabella se transformou em desconfiança quando surgiram novas evidências que apontavam para Alexandre Nardoni e sua esposa, Anna Carolina Jatobá, como os principais suspeitos. Uma das descobertas mais cruciais foi o cruzamento de dados de ligações telefônicas e do rastreador do carro de Alexandre, que possibilitou criar uma linha do tempo e desmentir a versão da defesa de que o casal estava na garagem no momento da queda da menina.
Em 2010, um júri popular considerou o casal Nardoni culpado por homicídio triplamente qualificado e fraude processual. Esta última acusação estava relacionada à tentativa de alterar a cena do crime. Em uma reviravolta notável, eles alegaram inicialmente que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento. Alexandre e Anna Jatobá sustentaram a versão do apartamento invadido e que Isabella foi jogada por um dos assaltantes.
Novas pistas no caso Isabella Nardoni
Marcas nas Camas e Pegadas na Cena do Crime: Durante a inspeção detalhada do apartamento, os peritos não encontraram qualquer evidência que indicasse a presença de alguém estranho à residência. Todos os vestígios, cada pegada, pertenciam aos membros da própria família Nardoni.
Uma pegada peculiar foi identificada na cama, indicando o trajeto do assassino em direção à janela, pela qual Isabella foi lançada. Esta marca foi comparada com o solado do chinelo que Alexandre Nardoni estava usando naquela noite. Os resultados dos exames são claros: a pegada pertencia a Alexandre, o pai da criança. Em seu depoimento, Alexandre admitiu ter pisado no lençol, mas alegou que o fez apenas para alcançar a janela e fechá-la após deixar Isabella em seu quarto. As investigações também revelaram que as outras duas marcas encontradas nas camas eram compatíveis com o chinelo de Alexandre. Isso reforça a narrativa de que ele estava presente na cena do crime.
Marcas nas Roupas: Uma Evidência Decisiva
Conforme as descobertas da perícia, o assassino estava com os braços esticados para fora e exercia pressão considerável sobre a tela de proteção, deixando as marcas da rede impregnadas na camiseta. O que torna essa evidência ainda mais crucial é que as marcas encontradas na camiseta de Alexandre, durante a simulação, são idênticas às presentes na roupa. Isso leva à conclusão de que Alexandre estava na mesma posição em que o assassino estava durante o crime. Quando confrontado com essa descoberta, Alexandre afirmou não saber como as marcas da tela foram parar em sua camiseta. Para a polícia, essa camiseta se tornou uma das provas mais contundentes de que Alexandre esteve na cena do crime.
Entretanto, as evidências acumuladas pela polícia e a perícia médica não corroboraram a versão do casal. A análise forense revelou marcas no pescoço de Isabella e manchas em seu pulmão, sugerindo que ela havia sido agredida antes de ser jogada pela janela. O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) indicou que a causa da morte foi asfixia seguida de politraumatismo. As marcas no pescoço da menina eram compatíveis com esganadura e indicaram que ela foi estrangulada por cerca de três minutos, desmaiando devido à falta de ar. Se tivesse recebido ajuda imediata, Isabella poderia ter sobrevivido. A combinação dessas descobertas levou à acusação do casal pelo assassinato.
A tragédia de Isabella Nardoni não apenas chocou o Brasil, mas também levantou questões importantes sobre a segurança das crianças e o sistema judicial. O caso continua sendo um dos eventos mais notórios da história criminal brasileira, lembrando a todos nós a importância de proteger os mais vulneráveis em nossa sociedade.
Condenação e Um Novo Olhar
Julgamento, Condenação e Um Documentário Revelador Sobre um dos Casos mais Chocantes do Brasil
Em março de 2010, após um julgamento que durou cinco dias, o Brasil assistiu à condenação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pelo homicídio triplamente qualificado de Isabella Nardoni e por fraude processual. Alexandre acabou condenado a 31 anos e 10 dias de prisão, enquanto Anna Jatobá recebeu uma pena de 26 anos e 8 meses.
Em 2019, Alexandre Nardoni foi beneficiado para o regime semiaberto. Agora cumpre sua sentença na Ala de Progressão da Penitenciária 2 de Tremembé, no Vale do Paraíba. Por sua vez, Anna Carolina Jatobá conseguiu a progressão para o regime semiaberto em 2017 e, posteriormente, em 2021, alcançou o regime aberto, saindo da prisão em junho. Um pedido para a progressão de pena de Anna Jatobá foi submetido à Justiça de São Paulo, sendo atendido após decisão unânime da 5ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Netflix
Além disso, um novo capítulo sobre o caso ganhou às telas. A netflix produziu um documentário sobre o caso. E está disponível no streaming, foi lançado em agosto. O filme apresenta entrevistas inéditas com a mãe e avós de Isabella, bem como jornalistas, peritos e advogados de defesa envolvidos no caso que abalou o país.
A produção revelou o trabalho minucioso da perícia, as provas que apontaram a culpabilidade do casal e por que descartaram outras hipóteses. Dessa forma, para criar esse documentário, a equipe analisou meticulosamente 6.000 páginas de processo, conduziu 118 horas de entrevistas e compilou mais de 5.000 itens do arquivo fotográfico da mídia e do acervo da família.
Mais do que apenas revisitar um crime hediondo, o documentário também levanta reflexões sobre a sociedade, o sistema de justiça e o sensacionalismo na mídia. Contudo ele nos lembra de uma história que jamais podemos esquecer, destacando que a jovem Isabella Nardoni poderia estar hoje conosco, aos 21 anos, construindo seu futuro e cursando uma faculdade.
Mãe de Isabella Nardoni: Ana Carolina Oliveira
Depoimento de Ana Carolina Cunha de Oliveira Revela Novos Detalhes do Caso Isabella Nardoni
Um Relato Chocante que Pode Lançar Luz sobre o Misterioso Crime
No depoimento de Ana Carolina Cunha de Oliveira, mãe da menina. Dado em 2 de abril daquele ano, compartilhou detalhes surpreendentes sobre o relacionamento e os eventos que cercaram a tragédia que chocou o país.
O Relacionamento de Ana Carolina e Alexandre Nardoni
Ana Carolina começava descrevendo seu relacionamento com Alexandre Nardoni, que começou em dezembro de 1999. O casal namorou por três anos e seis meses, e durante esse tempo, Isabella nasceu. Em seguida relata que houve momentos conturbados em seu relacionamento com Alexandre, incluindo suspeitas de traição e uma separação temporária antes do nascimento de Isabella. Assim eles se separaram definitivamente no início de 2003.
Anna Carolina Jatobá e Ciúmes Exacerbados
Ana Carolina também menciona a presença constante de Anna Carolina Jatobá na vida de Alexandre. Ela descreveu como Anna Carolina tinha ciúmes exacerbado em relação a ela, resultando em brigas e tensões frequentes. Ana Carolina relata uma ocasião em que Alexandre ficou transtornado em uma festa de família após uma brincadeira, o que levou a uma briga.
As Ameaças e o Comportamento de Alexandre
Contudo um momento crítico do depoimento é quando Ana Carolina descreve ameaças feitas por Alexandre. Dessa forma ela relata que, em uma ocasião, ele ameaçou sua mãe e ela com violência. Isso levou ao registro de um boletim de ocorrência.
A Convivência com a Família de Alexandre
Ana Carolina compartilha detalhes sobre a convivência com a família de Alexandre e como as tensões eram frequentes. Ela mencionou que, após a separação, Alexandre não queria que Isabella fosse à escola e que ele e Anna Carolina queriam saber detalhes do passado dela com Alexandre.
Os Últimos Momentos Antes da Tragédia
Em síntese o depoimento também descreveu os eventos que ocorreram nos momentos que antecederam a tragédia. Dessa forma ela relatou como Alexandre e Anna Carolina foram buscar o filho do casal, Pietro, e a conversa que tiveram. Em suma, isso levou a uma série de eventos que culminaram na queda de Isabella da janela do apartamento.
Na época, o crime gerou bastante repercussão, e a imprensa explorou o assunto, produzindo horas de matérias até que o caso fosse finalmente elucidado. Crimes envolvendo menores sempre sensibilizam mais a população e este em específico devido à frieza dos atos e porque um dos responsáveis pelo ocorrido era um genitor.
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