Quando a maternidade machuca em silêncio
Para muitas mulheres, o nascimento de um filho representa um marco inesquecível. Sorrisos, abraços, visitas, mensagens… tudo parece perfeito. No entanto, dentro de casa — e principalmente dentro da mente da nova mãe — pode existir um vazio difícil de explicar. Chama-se depressão pós-parto, um distúrbio real, delicado e mais comum do que se imagina.
O que é depressão pós-parto?
Diferente do famoso “baby blues”, que afeta até 80% das mulheres nos primeiros dias após o parto, a depressão pós-parto vai além. Seus sintomas são intensos, duradouros e podem surgir até um ano após o nascimento do bebê. Tristeza profunda, culpa excessiva, cansaço extremo e até pensamentos negativos sobre si mesma ou sobre o bebê fazem parte do quadro.
O que desencadeia essa condição?
No entanto, não há uma única causa. Na verdade, fatores físicos, hormonais, emocionais e sociais se misturam de forma intensa nesse período:
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Alterações hormonais: após o parto, os níveis de estrogênio e progesterona despencam.
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Privação de sono: noites mal dormidas afetam diretamente o humor.
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Cobrança externa e interna: a pressão para “dar conta de tudo” é constante.
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Falta de rede de apoio: a ausência de ajuda agrava o isolamento e a angústia.
E o que poucos dizem: homens também podem sofrer
Sim, pais também desenvolvem depressão pós-parto. Estudos indicam que até 10% dos homens apresentam sinais depressivos nos primeiros meses após o nascimento do filho. No entanto, pela cultura de que o homem precisa ser “forte” e “provedor”, muitos escondem seus sentimentos — o que pode piorar a situação.
Curiosidades que podem mudar o olhar sobre a Depressão Pós-Parto
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Na Roma Antiga, o cuidado com o puerpério era comunitário. Mulheres da família se revezavam para ajudar a nova mãe.
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Em alguns países asiáticos, como a Coreia do Sul, as mulheres fazem um tipo de “resguardo” cultural chamado sanhujori, onde são tratadas com extremo cuidado por 21 dias.
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O Brasil tem uma das taxas mais altas de cesáreas no mundo, e isso pode impactar o bem-estar emocional da mãe.
Como ajudar? Comece com o olhar
Muitas vezes, a mulher está sorrindo nas fotos e chorando no banho. Por isso, escute sem julgar, ofereça apoio prático (como cuidar do bebê por uma hora para ela dormir) e, principalmente, incentive a busca por ajuda profissional. Psicólogos e psiquiatras são aliados fundamentais nessa jornada.
Em suma leia também: Quantas pessoas já nasceram em toda história?
O tratamento é possível — e eficaz
Com o acompanhamento certo, medicação quando necessário e terapia, a depressão pós-parto tem cura. Mais do que isso: a mulher pode sair ainda mais forte desse processo, com mais autoconhecimento e autoestima.
Uma nova narrativa é possível
A romantização da maternidade precisa dar espaço para narrativas reais e humanas. Chorar não significa fracasso. Pedir ajuda não é fraqueza. Pelo contrário: é coragem. Falar sobre depressão pós-parto é salvar vidas — inclusive a da mãe.
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