Crimes que chocaram o país: Paulo Cupertino

O ator Rafael Henrique Miguel, conhecido nacionalmente por interpretar o “trombadinha Paçoca” no remake da novela Chiquititas (SBT), teve sua carreira e sua vida tragicamente interrompidas aos 22 anos de idade. Antes de ganhar destaque na dramaturgia, Rafael já havia ficado famoso ainda criança, ao protagonizar um comercial em que pedia brócolis à mãe no supermercado — cena que marcou a memória de muitos brasileiros.

No entanto, no dia 9 de junho de 2019, Paulo Cupertino Matias assassinou a tiros Rafael Miguel e os pais do jovem, João Alcisio Miguel, de 52 anos, e Míriam Selma Miguel, de 50. Cupertino é pai de Isabela Tibcherani, então namorada do ator, de 18 anos.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), Rafael e seus pais teriam ido até a casa da jovem com o objetivo de conversar com Cupertino sobre o relacionamento. Já no dia seguinte ao crime, o advogado de Isabela declarou que, na verdade, os pais do ator não haviam marcado um encontro, mas apenas ofereceram uma carona à moça até sua residência.

Ao chegarem ao local, porém, foram surpreendidos: Cupertino já os esperava, armado. Ele disparou contra Rafael e seus pais, matando os três. Após o crime, o suspeito fugiu e permaneceu foragido por quase três anos, sendo incluído na lista de criminosos mais procurados do país.

Em maio de 2022, Paulo Cupertino foi finalmente preso em São Paulo. Ao ser detido, sua defesa solicitou um recurso para que ele respondesse ao processo em liberdade — o pedido foi negado pela Justiça.
O crime chocou o Brasil pela brutalidade, pelo histórico de violência e pelo desfecho trágico de uma jovem promessa da televisão nacional.

Quem era Rafael Miguel?

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Nascido em 9 de julho de 1996, Rafael Miguel ficou famoso por papéis de destaque em novelas e comerciais. Ganhou notoriedade nos anos 2000 como o “menino do brócolis”, ao estrelar uma propaganda em que interpretava um garoto pedindo o vegetal à mãe em um supermercado.

Nos anos seguintes, foi contratado pela TV Globo, onde atuou nas novelas Pé na Jaca (2006), Cama de Gato (2009) e no especial O Natal do Menino Imperador (2008). Em 2013, no SBT, deu vida ao personagem Paçoca na novela infantojuvenil Chiquititas, seu último papel na televisão.

Paulo Cupertino foragido

Após cometer o triplo homicídio, Paulo Cupertino fugiu e entrou para a lista dos criminosos mais procurados do país. Durante o período em que esteve foragido, ele assumiu uma série de identidades falsas e alterou diversas vezes sua aparência física. Escondeu-se em várias cidades do Brasil e também em países vizinhos. Para dificultar sua identificação, adotou diferentes cortes de cabelo e estilos de barba enquanto tentava despistar os investigadores.

O fim da fuga aconteceu quando Cupertino foi capturado em um hotel na Zona Sul de São Paulo, após denúncias anônimas.

Cupertino fugiu durante três anos • Reprodução

O desfecho da busca por Paulo Cupertino ocorreu na Zona Sul de São Paulo, quando policiais do 98º Distrito Policial o localizaram e prenderam em um hotel na região do Jardim Miriam. Em seguida, os agentes o conduziram à própria delegacia, onde permaneceram com o suspeito sob custódia.

De acordo com o delegado Wendel Luiz de Souza, titular do 98º DP, Cupertino havia passado alguns dias escondido em um hotel na Avenida Interlagos. No momento da abordagem, ele não apresentou resistência e se entregou pacificamente. Aos agentes, alegou ser inocente.

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Julgamento de Paulo Cupertino

Réu protagonizou interrogatório tumultuado, desafiou a Justiça e tentou negar o crime mesmo sem apresentar provas

A Justiça condenou o empresário Paulo Cupertino Matias a 98 anos de prisão em regime fechado. O juiz proferiu o veredito em 30 de maio, ao final de um julgamento marcado por declarações controversas e confrontos entre o réu, a acusação, a defesa e o próprio magistrado.

Durante o interrogatório, Cupertino ignorou perguntas de seus advogados, interrompeu a sessão diversas vezes e fez acusações sem apresentar provas.

“Eu não cometi esse crime. Mostra a imagem de eu atirando. Mostra eu com a arma na mão”,

afirmou, alegando ter duas armas legalizadas — que desapareceram após o crime.

Sessão caótica e confronto com a própria defesa

O depoimento do réu fugiu completamente ao protocolo. Durante mais de duas horas, Cupertino fez um discurso em tom de desabafo, desrespeitou sua advogada ao interrompê-la e se levantou para encarar a mesa do Ministério Público.. O juiz Antonio Souza precisou intervir com firmeza:

“Primeiro, o senhor fica sentado. Segundo, trate com urbanidade todo mundo aqui.”

A defesa tentou conter os excessos, mas o empresário insistia em falar sem sequência lógica. “Isso é um desabafo. Não tem linha do tempo, doutora. A senhora está me cortando”, reagiu ele, visivelmente irritado.

Acusações à filha e desprezo pelas vítimas

Cupertino também atacou a filha Isabela Tibcherani, afirmando que ela mentiu ao dizer ter ouvido os disparos. O réu afirmou que a filha sofreu uma ‘abdução psicológica’; além disso, ele criticou que ela retirou o sobrenome ‘Cupertino’ do nome civil.

Sobre a fuga, disse que buscava preservar a própria vida e ironizou o trabalho da polícia:

“Fui preso a dois quilômetros do crime. Nunca fui para o Paraguai. A polícia é incompetente.”

Ainda durante o julgamento, ele afirmou que um ‘vagabundo’ não identificado cometeu o crime e declarou que não sente culpa.

“Eu não tenho que pedir perdão. Não carrego isso no meu coração.”

Desdém pela sentença e teatralização do julgamento

Em tom desafiador, provocou os jurados antes da sentença:

“Se for para me condenar, que seja uma chapoletada. Nada de 20 ou 30 anos. É triplo homicídio.”

O tribunal atendeu ao pedido — com a devida seriedade que o caso exige. A Justiça considerou Paulo Cupertino culpado por homicídio triplamente qualificado e o condenou à pena máxima: 98 anos de prisão.

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