O governo talibã anunciou neste domingo (11) a proibição oficial do xadrez no Afeganistão, alegando que o jogo viola os princípios da moralidade islâmica por ser considerado uma forma de aposta. A decisão, comunicada pela Direção de Esportes, integra uma série de medidas fundamentadas na lei da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício (PVPV), em vigor desde o ano passado.
De acordo com Atal Mashwani, porta-voz da pasta, o xadrez passa a ser classificado como “meio de apostar dinheiro”, prática condenada pela legislação islâmica seguida pelo regime talibã. “Como essas são questões religiosas, o xadrez será suspenso no Afeganistão até que essas questões sejam resolvidas”, afirmou Mashwani, sem detalhar quais sanções serão aplicadas a quem descumprir a nova regra.
A medida afeta diretamente estabelecimentos como cafés e centros culturais onde a prática era comum entre jovens. Azizullah Gulzada, de 46 anos, proprietário de um café em Cabul, lamentou a decisão. “Respeitarei a proibição, mas não acredito que o xadrez viole os preceitos religiosos. Muitos países muçulmanos têm jogadores de nível internacional”, observou. Segundo ele, os frequentadores do local jogavam apenas por lazer. “Antes, muitos jovens vinham aqui todos os dias, sem dinheiro para apostar”, contou.
Desde que retomaram o poder em 2021, os talibãs vêm impondo uma interpretação ultraconservadora do islamismo, restringindo progressivamente atividades culturais e esportivas. Em 2024, as competições de artes marciais mistas (MMA) também foram banidas por serem consideradas excessivamente violentas. O críquete ainda é permitido, mas com participação exclusiva masculina.
A nova proibição do xadrez amplia a lista de restrições impostas pelo regime, gerando críticas dentro e fora do país por sufocar espaços de convivência, lazer e desenvolvimento intelectual.