O drama começou no dia 21 de agosto de 2001, quando Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos, foi sequestrada por Fernando Dutra Pinto e seus cúmplices. Após dias de angústia, ela foi libertada mediante o pagamento de um resgate.
Patrícia Abravanel, então com 24 anos, foi sequestrada por um grupo liderado por Fernando Dutra Pinto. Criminosos levaram a jovem de sua residência no bairro do Morumbi, um dos mais nobres de São Paulo, determinados a obter um alto valor de resgate. A ação rápida e ousada dos sequestradores pegou todos de surpresa, incluindo a família Abravanel e as forças de segurança.
Durante uma semana, a família negociou a libertação de Patrícia enquanto ela era mantida em cativeiro. Assim sendo o clima de incerteza e medo era palpável, e o caso recebeu ampla cobertura da mídia, que acompanhava cada passo das negociações. A família Abravanel, conhecida por seu controle discreto sobre a vida privada, viu-se exposta a uma situação de extrema vulnerabilidade.
A Libertação
Finalmente, após negociações intensas e o pagamento de um resgate, Patrícia Abravanel foi libertada em segurança. Dessa forma a operação de resgate contou com a participação das forças policiais, que trabalharam incansavelmente para garantir que Patrícia retornasse ilesa para casa. A libertação trouxe alívio não apenas para a família Abravanel, mas também para milhões de brasileiros que acompanhavam o caso com preocupação.
Contudo a polícia estava a procura de Fernando que estava hospedado em um flat em Alphaville, na Grande São Paulo. Ele havia se registrado com um nome falso e, segundo os porteiros, carregava duas bolsas e estava armado. Ao sair para fazer compras, a polícia foi alertada e preparou uma emboscada para capturá-lo na volta. Um policial à paisana subiu no elevador com ele e deu voz de prisão, mas foi rendido. Outros policiais esperavam no décimo andar, onde então ocorreu um tiroteio.
Armado com duas pistolas, Fernando matou dois policiais e feriu um terceiro. Em seguida, desceu apenas um andar pelo elevador e iniciou uma fuga impressionante pelo exterior do prédio. Quebrou o vidro do nono andar e desceu, apoiando-se nas paredes. As marcas de sangue indicam que ele se feriu durante a descida.
Fernando foi perseguido por diversos carros de polícia, trocou de carro duas vezes e continuou a fuga pelas ruas de Alphaville e Barueri. A polícia encontrou várias sacolas com armas e dinheiro no flat onde ele estava hospedado.
Fernando já tinha duas passagens pela polícia por porte ilegal de armas. Segundo a delegacia Anti-Sequestros, ele articulou o plano de sequestro anotado em um caderno, que incluía a necessidade de um uniforme de carteiro e um mapa com a localização da casa de Silvio Santos no Morumbi, além dos nomes dos moradores.
Parecia o fim, mas….
No dia 28 de agosto, Fernando Dutra Pinto, sentindo-se encurralado pela polícia, invade a casa dos Abravaneis e faz refém: Silvio Santos. O episódio, que ocorreu poucos dias após o sequestro de sua filha Patrícia Abravanel, se tornou um dos casos criminais mais notórios da história recente brasileira. Armado e desesperado, ele fez o próprio Silvio Santos refém, transformando sua casa em um cativeiro improvisado.
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As Negociações
Durante cerca de sete horas, o país acompanhou com atenção o desenrolar das negociações. As autoridades de segurança, incluindo o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o secretário de Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, mobilizaram-se para lidar com a crise. Silvio Santos, sempre conhecido por seu carisma e calma, manteve-se surpreendentemente sereno durante o período de sequestro, o que ajudou a controlar a situação tensa.
O Desfecho
A habilidade das autoridades em negociar com o sequestrador resultou na rendição de Fernando Dutra Pinto. Libertaram Silvio Santos sem ferimentos, para alívio de sua família e de milhões de brasileiros que acompanhavam o caso. Imediatamente prenderam o sequestrador e mais tarde o condenaram por seus crimes.
O sequestro de Silvio Santos não apenas evidenciou a vulnerabilidade das figuras públicas no Brasil, mas também trouxe à tona discussões sobre segurança pública e a eficácia das forças de segurança em lidar com situações de sequestro. A ampla cobertura midiática do caso transformou-o em um evento nacional, com debates acalorados sobre a exposição das famílias de celebridades e as medidas necessárias para proteger pessoas de alto perfil.
A Intermediação do Governador
O então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, desempenhou um papel crucial na resolução do sequestro. Alckmin se envolveu pessoalmente nas negociações, buscando uma solução pacífica para garantir a segurança de Silvio Santos. Sua intermediação foi fundamental para o desfecho do caso. A presença do governador foi uma das exigências de Fernando.
Fernando morre na cadeia
Após libertar Silvio Santos, a polícia prendeu Fernando Dutra Pinto em uma operação. A mídia noticiou amplamente sua captura, e a polícia o levou para o 40º Distrito Policial, em Vila Santa Maria, Zona Norte de São Paulo. A polícia interrogou Dutra Pinto e o manteve sob custódia, enquanto ele aguardava julgamento pelos crimes cometidos.
A morte de Fernando Dutra Pinto ocorreu em circunstâncias controversas.
Encontraram-no morto em sua cela no dia 2 de janeiro de 2002, menos de cinco meses após os sequestros. Segundo a versão oficial das autoridades, Dutra Pinto teria morrido em decorrência de uma infecção generalizada, causada por uma infecção urinária que evoluiu para septicemia.
No entanto, a família de Dutra Pinto e alguns setores da opinião pública questionaram essa versão. Alegaram que ele foi vítima de maus-tratos e negligência durante sua custódia, levantando suspeitas sobre a atuação policial. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também pediu uma investigação rigorosa para esclarecer as circunstâncias da morte.